Risco de crédito x risco de mercado: diferenças com exemplos simples
Você já ouviu falar em "risco de crédito" e "risco de mercado"? Esses são os dois principais tipos de risco que você enfrenta ao investir. E entender a diferença entre eles é fundamental para tomar decisões mais conscientes.
Vou te explicar de forma simples: risco de crédito é o risco de quem te deve não pagar. Risco de mercado é o risco do preço do seu investimento oscilar por causa de mudanças nas condições econômicas (juros, inflação, humor dos investidores).
Parece parecido, mas são coisas bem diferentes. E cada tipo de investimento tem mais de um ou de outro. Vou te mostrar com exemplos práticos.
O que é risco de crédito?
Risco de crédito é o risco de calote. É o risco de a empresa ou instituição que te deve dinheiro não conseguir pagar — seja por dificuldades financeiras, falência ou qualquer outro motivo.
Quando você investe em CDB, LCI ou LCA, você está emprestando dinheiro para um banco. Se o banco quebrar, você corre risco de crédito. Por isso existe o FGC, que garante até R$ 250 mil por CPF e instituição.
Exemplo prático de risco de crédito
Você compra um CDB de um banco pequeno que paga CDI + 2% ao ano. O banco está oferecendo essa taxa alta porque precisa captar dinheiro — e o mercado sabe que ele tem mais risco.
Se o banco quebrar, você tem a garantia do FGC até R$ 250 mil. Mas se você investiu R$ 300 mil, os R$ 50 mil excedentes podem ser perdidos.
Risco de crédito: O banco não conseguir pagar o que te deve.
Investimentos com risco de crédito
- CDB, LCI, LCA (risco do banco emissor)
- Debêntures (risco da empresa emissora)
- CRI e CRA (risco dos recebíveis e da securitizadora)
- Fundos de crédito privado (risco das empresas que tomaram empréstimo)
Nesses investimentos, o principal risco é: quem me deve vai conseguir pagar?
O que é risco de mercado?
Risco de mercado é o risco de o preço do seu investimento oscilar por causa de mudanças nas condições econômicas. Não tem nada a ver com calote — tem a ver com oferta e demanda, juros, inflação, humor dos investidores.
Quando você investe em Tesouro IPCA ou Tesouro Prefixado, você não tem risco de crédito (o governo brasileiro nunca deu calote em títulos em reais). Mas você tem risco de mercado: se você vender antes do vencimento, o preço pode estar abaixo do que você pagou.
Exemplo prático de risco de mercado
Você compra um Tesouro Prefixado 2030 que paga 12% ao ano. Você pagou R$ 10.000 e vai receber R$ 24.000 em 2030 se segurar até o vencimento.
Mas 6 meses depois, a Selic sobe para 14%. Agora, novos títulos prefixados estão pagando 14% ao ano. O seu título de 12% fica "menos atraente".
Se você quiser vender antes de 2030, vai ter que vender com desconto — porque ninguém quer pagar o preço cheio por um título que rende 12% quando pode comprar um novo que rende 14%.
Risco de mercado: O preço do seu título oscilou por causa da mudança nos juros. Isso é marcação a mercado.
Investimentos com risco de mercado
- Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado (oscilam com juros e inflação)
- Ações (oscilam com lucros da empresa, economia, humor do mercado)
- Fundos imobiliários (oscilam com vacância, juros, oferta e demanda)
- Fundos multimercado (oscilam com os ativos que compõem a carteira)
Nesses investimentos, o principal risco é: o preço vai oscilar e eu posso precisar vender em um momento ruim?
Comparação lado a lado
| Característica | Risco de Crédito | Risco de Mercado |
|---|---|---|
| O que é | Risco de calote | Risco de oscilação de preço |
| Causa | Dificuldades financeiras do emissor | Mudanças em juros, inflação, economia |
| Exemplo | CDB de banco pequeno, debêntures | Tesouro IPCA, ações, FIIs |
| Como mitigar | Diversificar emissores, verificar rating, usar FGC | Segurar até o vencimento, diversificar, ter prazo adequado |
| Perda | Pode ser total (se emissor quebrar) | Temporária (se segurar, preço volta) |
Investimentos que têm os dois riscos
Alguns investimentos têm TANTO risco de crédito quanto risco de mercado. Exemplos:
- Debêntures: Risco de crédito (empresa pode quebrar) + risco de mercado (preço oscila se você vender antes do vencimento)
- CDB prefixado: Risco de crédito (banco pode quebrar) + risco de mercado (preço oscila com juros se você vender antes)
- Fundos de crédito privado: Risco de crédito (empresas podem dar calote) + risco de mercado (cota oscila com percepção de risco)
Atenção ao acúmulo de riscos
Quando um investimento tem os dois tipos de risco, você precisa ser compensado por isso com uma taxa maior. Se a taxa não for significativamente maior que alternativas mais seguras, pode não valer a pena.
Como identificar o risco do seu investimento
- Pergunte: Quem me deve dinheiro? Se for uma empresa ou banco, há risco de crédito.
- Pergunte: O preço pode oscilar antes do vencimento? Se sim, há risco de mercado.
- Verifique: Tem garantia do FGC? Se sim, risco de crédito é mitigado até R$ 250 mil.
- Verifique: Posso segurar até o vencimento? Se sim, risco de mercado não te afeta.
Perguntas frequentes
Tesouro Direto tem risco de crédito?
Tecnicamente sim, mas é considerado o menor risco de crédito do país. O governo brasileiro nunca deu calote em títulos em reais. Por isso, Tesouro Direto é considerado o investimento mais seguro em termos de crédito. O risco que você tem é de mercado (oscilação de preço se vender antes do vencimento).
Como saber se uma empresa tem alto risco de crédito?
Verifique o rating de crédito da empresa (AAA é o melhor, D é o pior). Empresas com rating baixo oferecem taxas maiores justamente porque o risco de calote é maior. Também observe se a empresa é lucrativa, tem dívidas altas, está em setor em crise, etc.
Posso eliminar completamente o risco de mercado?
Sim, segurando o investimento até o vencimento. Se você compra um Tesouro IPCA 2035 e segura até 2035, você não sofre com oscilações de preço — você recebe exatamente o que foi prometido. O risco de mercado só te afeta se você precisar vender antes do vencimento.
Quer que eu olhe seu caso e te dê uma sugestão?
Me chama no WhatsApp. Vou te ajudar a entender qual estratégia faz mais sentido pra você.

Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

