CDI, Selic e IPCA: os índices que movem seus investimentos (e como afetam você)
Se você já olhou algum investimento de renda fixa, com certeza esbarrou em termos como "CDI", "Selic" ou "IPCA+". Eu sei que parece complicado no começo, mas prometo: depois deste texto, você vai entender o que cada um significa e como eles mexem com o seu dinheiro.
Por que esses índices importam?
Quando você investe em renda fixa, o retorno do seu dinheiro está sempre atrelado a algum índice. É como se fosse a "régua" que mede quanto você vai ganhar. E cada índice tem uma função diferente.
Eu costumo dizer pros meus clientes: entender CDI, Selic e IPCA é como aprender as regras do jogo antes de jogar. Você não precisa ser expert, mas saber o básico te dá muito mais segurança na hora de escolher onde colocar seu dinheiro.
O que é a Selic?
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Banco Central a cada 45 dias, em reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
Na prática: quando a Selic está alta, os investimentos de renda fixa tendem a render mais. Quando ela cai, os rendimentos também caem. É simples assim.
Exemplo real: em janeiro de 2025, a Selic está em 13,25% ao ano. Se você investir no Tesouro Selic, seu dinheiro vai render próximo a essa taxa (descontando o Imposto de Renda e a taxa de custódia).
O que é o CDI?
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a taxa que os bancos usam para emprestar dinheiro entre si. Ela fica sempre muito próxima da Selic — geralmente 0,10 pontos percentuais abaixo.
Por que você precisa saber disso? Porque a maioria dos CDBs, LCIs e LCAs usa o CDI como referência. Quando você vê "120% do CDI", significa que o investimento vai render 20% a mais do que o CDI.
Exemplo prático: se o CDI está em 13,15% ao ano e você encontra um CDB pagando 110% do CDI, seu rendimento bruto será de 14,46% ao ano (13,15% × 1,10).
Selic vs. CDI: qual a diferença?
- Selic: taxa oficial do Banco Central, usada no Tesouro Selic
- CDI: taxa do mercado interbancário, usada em CDBs, LCIs e LCAs
- Na prática: as duas andam juntas e rendem valores muito parecidos
O que é o IPCA?
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é o índice oficial de inflação do Brasil. Ele mede quanto os preços subiram em média — desde alimentos até gasolina e aluguel.
Por que isso importa? Porque o IPCA mostra quanto você precisa ganhar só pra não perder poder de compra. Se a inflação foi de 4% no ano e seu investimento rendeu 4%, você ficou no zero a zero.
Investimentos atrelados ao IPCA: quando você vê "IPCA + 6%", significa que você vai ganhar a inflação do período MAIS 6% de juros reais. Isso protege seu dinheiro da inflação e ainda dá um ganho real.
Exemplo real: se você investir R$ 10.000 no Tesouro IPCA+ 2035 que paga IPCA + 6,50% ao ano, e a inflação for de 4% no ano, seu rendimento total será de aproximadamente 10,50% (4% + 6,50%).
Como esses índices afetam seus investimentos?
Vou te dar exemplos práticos de como cada índice funciona na vida real:
1. Tesouro Selic (atrelado à Selic)
- Rende próximo à taxa Selic
- Ideal para reserva de emergência
- Liquidez diária (você pode resgatar quando quiser)
- Baixo risco de oscilação
2. CDB 110% do CDI (atrelado ao CDI)
- Rende 10% a mais que o CDI
- Pode ter liquidez diária ou prazo fixo
- Protegido pelo FGC até R$ 250 mil por CPF e instituição
- Sofre desconto de IR (tabela regressiva)
3. Tesouro IPCA+ (atrelado ao IPCA)
- Protege contra a inflação + paga juros reais
- Ideal para objetivos de longo prazo (aposentadoria, casa própria)
- Pode oscilar antes do vencimento (marcação a mercado)
- Se segurar até o vencimento, recebe exatamente o combinado
Checklist: como usar cada índice a seu favor
- ✓Selic alta? Priorize renda fixa pós-fixada (Tesouro Selic, CDBs % do CDI)
- ✓Inflação preocupa? Considere Tesouro IPCA+ para proteger seu poder de compra
- ✓Objetivo de longo prazo? IPCA+ é seu melhor amigo (aposentadoria, casa, faculdade dos filhos)
- ✓Reserva de emergência? Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária
Exemplo prático: comparando os três
Vamos supor que você tem R$ 10.000 para investir por 1 ano. Veja como cada opção se comportaria (valores aproximados, considerando IR):
| Investimento | Rentabilidade | Valor final |
|---|---|---|
| Tesouro Selic (13,25% a.a.) | ~11,50% líquido | R$ 11.150 |
| CDB 110% CDI (14,46% a.a.) | ~12,50% líquido | R$ 11.250 |
| Tesouro IPCA+ 2029 (IPCA + 6,50%) | ~9,00% líquido* | R$ 10.900 |
*Considerando inflação de 4% no período. O Tesouro IPCA+ pode oscilar antes do vencimento.
Perguntas frequentes
1. O CDI sempre acompanha a Selic?
Sim, o CDI fica sempre muito próximo da Selic — geralmente 0,10 pontos percentuais abaixo. Quando a Selic sobe, o CDI sobe junto. Quando a Selic cai, o CDI também cai.
2. Vale a pena investir em IPCA+ se a Selic está alta?
Depende do seu objetivo. Se você tem um prazo longo (5+ anos) e quer proteger seu dinheiro da inflação, o IPCA+ faz sentido. Mas se você precisa de liquidez ou tem prazo curto, a Selic pode ser melhor. Eu sempre recomendo ter os dois na carteira.
3. Como saber se um CDB de 110% do CDI é bom?
Compare com o Tesouro Selic. Se o CDB paga 110% do CDI e tem liquidez diária, ele provavelmente vai render um pouco mais que o Tesouro. Mas atenção: verifique se o banco é sólido e se o investimento tem cobertura do FGC.
Conclusão
Entender CDI, Selic e IPCA não é complicado — é só saber que cada um tem uma função diferente. A Selic e o CDI andam juntos e são ótimos para curto prazo e liquidez. O IPCA protege contra a inflação e é ideal para objetivos de longo prazo.
Eu sempre digo: não existe investimento perfeito. O que existe é o investimento certo para o SEU momento, o SEU objetivo e o SEU perfil. E entender esses índices te ajuda a fazer escolhas mais conscientes.
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Falar com Adriano
Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

