CRI e CRA: como funcionam, isenção de IR e riscos do setor
Entenda o que são esses certificados de recebíveis, como funcionam, a isenção de imposto de renda e os riscos que você precisa conhecer antes de investir.
Você já ouviu falar em CRI e CRA? São investimentos de renda fixa que muita gente confunde com LCI e LCA. Ambos têm isenção de imposto de renda, mas as semelhanças param por aí.
Eu explico: CRI e CRA são títulos de crédito privado lastreados em recebíveis — ou seja, dívidas a receber de setores específicos. E isso traz riscos diferentes dos que você encontra em outros investimentos isentos.
Neste post, vou te mostrar como esses investimentos funcionam, por que são isentos de IR, quais garantias existem (ou não) e os riscos que você precisa conhecer antes de colocar seu dinheiro.
O que são CRI e CRA?
CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) são títulos de renda fixa emitidos por securitizadoras — empresas especializadas em transformar dívidas futuras em investimentos.
Funciona assim: uma construtora tem R$ 10 milhões a receber de vendas de imóveis nos próximos 5 anos. Em vez de esperar, ela vende esses recebíveis para uma securitizadora, que emite CRIs e vende para investidores. Você compra o CRI e recebe os pagamentos conforme os compradores dos imóveis vão quitando suas dívidas.
O mesmo vale para o CRA, mas com recebíveis do agronegócio — como vendas de safras, exportações, financiamentos rurais.
Diferença entre CRI/CRA e LCI/LCA
- •LCI/LCA: emitidas por bancos, com garantia do FGC até R$ 250 mil
- •CRI/CRA: emitidas por securitizadoras, SEM garantia do FGC
- •Ambas têm isenção de IR, mas o risco de crédito é diferente
Por que CRI e CRA são isentos de IR?
A isenção de imposto de renda para pessoa física é um incentivo do governo para estimular investimentos nos setores imobiliário e do agronegócio. A ideia é baratear o custo de financiamento desses setores estratégicos.
Na prática, isso significa que você não paga os 15% a 22,5% de IR que pagaria em um CDB ou debênture comum. Todo o rendimento é seu.
Exemplo prático:
Você investe R$ 10.000 em um CRI que paga IPCA + 7% ao ano por 5 anos. Considerando IPCA médio de 4% ao ano, você teria:
- •Rendimento bruto: R$ 13.070 (total de R$ 23.070)
- •IR em um CDB: R$ 1.961 (15% sobre o ganho)
- •IR no CRI: R$ 0 (isento)
Resultado: você fica com R$ 1.961 a mais no bolso. Mas atenção: essa vantagem só compensa se o risco for adequado ao seu perfil.
Garantias: o que protege seu dinheiro?
Aqui está o ponto crítico: CRI e CRA NÃO têm garantia do FGC. Se a securitizadora quebrar ou os devedores dos recebíveis não pagarem, você pode perder parte ou todo o seu dinheiro.
Algumas emissões têm garantias adicionais, como:
- •Garantia real: imóveis ou terras como colateral
- •Fiança bancária: um banco garante o pagamento
- •Coobrigação: a empresa originadora dos recebíveis também responde pela dívida
Mas nem todos os CRI/CRA têm essas garantias. Por isso, é fundamental analisar cada emissão individualmente.
Atenção ao risco de crédito
CRI e CRA têm risco de crédito elevado. Você está emprestando dinheiro para empresas ou projetos específicos, sem a proteção do FGC.
Antes de investir, verifique: rating de crédito da emissão, garantias oferecidas, histórico da securitizadora e qualidade dos recebíveis.
Riscos específicos de CRI e CRA
1. Risco de crédito
Se os devedores dos recebíveis não pagarem (inadimplência), você pode não receber os rendimentos ou até perder o principal. Isso é mais comum em setores cíclicos como o imobiliário e o agronegócio.
2. Risco de liquidez
CRI e CRA costumam ter liquidez baixa. Se você precisar do dinheiro antes do vencimento, pode ter dificuldade para vender ou precisar aceitar um deságio (vender com prejuízo).
3. Risco setorial
O desempenho do setor imobiliário ou do agronegócio afeta diretamente esses investimentos. Uma crise no setor pode aumentar a inadimplência e reduzir o valor dos recebíveis.
4. Complexidade
CRI e CRA são investimentos mais complexos que CDB ou LCI/LCA. É preciso ler o prospecto, entender a estrutura da operação e avaliar os riscos específicos de cada emissão.
Checklist: antes de investir em CRI ou CRA
- Verifique o rating de crédito da emissão (prefira BBB ou superior)
- Confirme se há garantias reais, fiança bancária ou coobrigação
- Analise a qualidade dos recebíveis (quem são os devedores?)
- Pesquise o histórico da securitizadora (já teve problemas?)
- Confirme que você pode ficar sem esse dinheiro até o vencimento
- Diversifique: não coloque mais de 5-10% do patrimônio em CRI/CRA
Quando CRI e CRA fazem sentido?
Eu considero CRI e CRA para clientes que:
- •Já têm uma reserva de emergência consolidada
- •Buscam diversificação em renda fixa além de CDB/LCI/LCA
- •Têm perfil moderado a arrojado e entendem os riscos
- •Podem deixar o dinheiro investido até o vencimento
Para quem está começando ou tem perfil conservador, eu prefiro LCI/LCA ou CDBs de bancos sólidos com garantia do FGC.
Perguntas frequentes
CRI e CRA são seguros?
Não têm a mesma segurança de LCI/LCA porque não contam com garantia do FGC. O risco depende da qualidade dos recebíveis, das garantias oferecidas e do rating de crédito da emissão. São mais arriscados que CDB com FGC, mas podem oferecer rentabilidade maior.
Qual a diferença entre CRI/CRA e debêntures incentivadas?
Ambas são isentas de IR para pessoa física. A diferença está no lastro: CRI/CRA são lastreados em recebíveis de setores específicos (imobiliário e agronegócio), enquanto debêntures incentivadas financiam projetos de infraestrutura. Os riscos e garantias variam caso a caso.
Posso resgatar CRI ou CRA antes do vencimento?
Tecnicamente sim, mas a liquidez é baixa. Você precisaria vender no mercado secundário, e pode ter dificuldade para encontrar comprador ou precisar aceitar um deságio. Por isso, só invista dinheiro que você não vai precisar até o vencimento.
Dúvidas sobre CRI e CRA nos seus investimentos?
Esses investimentos podem parecer complexos, mas eu te ajudo a entender. Se você quer saber se CRI ou CRA fazem sentido para o seu perfil e objetivos, me chama no WhatsApp.

Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

