Reserva de emergência: onde deixar, quanto ter e por quê
Se tem uma coisa que eu falo pra todo cliente que me procura é: antes de pensar em qualquer investimento, você precisa ter uma reserva de emergência. E não é frescura — é o alicerce de qualquer planejamento financeiro sério.
O que é reserva de emergência?
É um dinheiro que você guarda especificamente para imprevistos: perda de emprego, problema de saúde, conserto urgente no carro, emergência familiar. Coisas que a gente não planeja, mas que acontecem.
A reserva de emergência não é pra realizar sonhos. Não é pra comprar um carro novo, fazer uma viagem ou dar entrada num apartamento. É literalmente pra emergências.
Quanto você precisa ter?
A regra geral que eu uso é simples:
- Se você tem renda fixa (CLT, servidor público): 6 meses de despesas
- Se você é autônomo ou tem renda variável: 12 meses de despesas
- Se você tem dependentes ou responsabilidades grandes: 12 meses ou mais
Exemplo prático
Vamos supor que suas despesas mensais são de R$ 4.000 (aluguel, contas, mercado, transporte, etc.).
- CLT: você precisa de R$ 24.000 (6 × R$ 4.000)
- Autônomo: você precisa de R$ 48.000 (12 × R$ 4.000)
Parece muito? Eu sei. Mas você não precisa juntar tudo de uma vez. O importante é começar.
Onde deixar a reserva de emergência?
Aqui é onde muita gente erra. A reserva precisa ter três características essenciais:
- Liquidez diária: você consegue resgatar o dinheiro a qualquer momento, sem perder rentabilidade
- Segurança: baixíssimo risco de perder dinheiro
- Rentabilidade razoável: pelo menos acompanhar a Selic ou o CDI
Com base nisso, as melhores opções são:
1. Tesouro Selic
- Rentabilidade: acompanha a taxa Selic (hoje em 13,25% ao ano)
- Liquidez: diária (você resgata quando quiser)
- Segurança: máxima (garantido pelo Tesouro Nacional)
- Investimento mínimo: cerca de R$ 30
- Custos: taxa de custódia de 0,20% ao ano + IR (tabela regressiva)
Minha opinião: é a minha primeira escolha pra reserva de emergência. Simples, seguro e rende bem.
2. CDB com liquidez diária
- Rentabilidade: geralmente entre 100% e 110% do CDI
- Liquidez: diária (mas confirme antes de investir)
- Segurança: protegido pelo FGC até R$ 250 mil por CPF e instituição
- Custos: IR (tabela regressiva)
Atenção: nem todo CDB tem liquidez diária. Alguns têm prazo de carência (você não pode resgatar antes de X meses). Pra reserva de emergência, só vale CDB com liquidez diária.
3. Fundos DI (com ressalvas)
Fundos DI também têm liquidez diária e rendem próximo ao CDI. Mas atenção: eles cobram taxa de administração (geralmente entre 0,5% e 1,5% ao ano), o que come parte da rentabilidade.
Minha opinião: só vale a pena se a taxa de administração for muito baixa (abaixo de 0,5%). Caso contrário, prefira Tesouro Selic ou CDB.
Onde NÃO deixar a reserva de emergência
- ✗Poupança: rende menos que o Tesouro Selic e perde da inflação
- ✗Ações: podem cair 20%, 30% ou mais em poucos dias
- ✗CDB sem liquidez: você não consegue resgatar quando precisar
- ✗Criptomoedas: volatilidade altíssima, não é lugar pra reserva
Como começar a montar sua reserva?
Eu sei que juntar 6 ou 12 meses de despesas parece impossível. Mas você não precisa fazer tudo de uma vez.
Passo a passo prático
- 1. Calcule suas despesas mensais
Some tudo: aluguel, contas, mercado, transporte, plano de saúde, etc. Seja realista.
- 2. Defina sua meta
6 meses de despesas se você tem renda fixa, 12 meses se é autônomo.
- 3. Comece com o que você pode
Mesmo que seja R$ 200 por mês. O importante é criar o hábito.
- 4. Automatize
Configure uma transferência automática todo dia 5 (ou no dia que você recebe).
- 5. Não mexa nesse dinheiro
A não ser que seja uma emergência de verdade. Viagem não é emergência.
Exemplo real: quanto tempo leva?
Vamos supor que você ganha R$ 5.000 por mês, suas despesas são de R$ 3.500 e você consegue guardar R$ 500 por mês.
Meta: 6 meses de despesas = R$ 21.000
Tempo necessário: R$ 21.000 ÷ R$ 500 = 42 meses (3 anos e meio)
Parece muito tempo? Eu sei. Mas pensa comigo: se você não começar hoje, daqui a 3 anos e meio você vai estar no mesmo lugar. E se começar, você vai ter R$ 21.000 guardados, rendendo e te dando segurança.
E depois que eu completar a reserva?
Aí sim você pode começar a pensar em outros investimentos: Tesouro IPCA+ pra longo prazo, ações, fundos imobiliários, etc. Mas a reserva vem primeiro. Sempre.
Eu costumo dizer: a reserva de emergência é o que te dá liberdade pra arriscar em outros investimentos. Se você sabe que tem 6 meses de despesas guardados, você dorme tranquilo mesmo se a bolsa cair 20%.
Perguntas frequentes
1. Posso usar a reserva pra aproveitar uma oportunidade de investimento?
Não. A reserva é só pra emergências. Se você quer aproveitar oportunidades, crie uma "reserva de oportunidades" separada. Mas a reserva de emergência é intocável.
2. Preciso ter a reserva completa antes de investir em outras coisas?
Idealmente, sim. Mas se você já tem pelo menos 3 meses de despesas guardados, pode começar a diversificar aos poucos. O importante é não parar de alimentar a reserva até completar os 6 ou 12 meses.
3. A reserva precisa render muito?
Não. O objetivo da reserva não é rentabilidade máxima, é segurança e liquidez. Se ela render próximo à Selic ou ao CDI, já está ótimo. O foco é ter o dinheiro disponível quando você precisar.
Conclusão
Montar uma reserva de emergência não é sexy. Não é empolgante. Mas é o que separa quem tem controle financeiro de quem vive no aperto.
Eu já vi muita gente perder dinheiro porque precisou vender ações na baixa, resgatar investimentos antes do prazo ou pegar empréstimo caro. Tudo isso porque não tinha uma reserva.
Então, se você ainda não tem a sua, comece hoje. Mesmo que seja com R$ 100. O importante é dar o primeiro passo.
Quer ajuda pra montar sua reserva de emergência?
Me chama no WhatsApp. Vou te ajudar a calcular quanto você precisa e onde investir.
Falar com Adriano
Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

