Renda fixa ou renda variável: diferenças, riscos e como escolher em 2025
"Devo investir em renda fixa ou renda variável?" — essa é a pergunta mais comum que recebo. E a resposta quase nunca é "uma OU outra". A maioria das pessoas deveria ter as duas. A questão é: quanto de cada? Vou te explicar como decidir isso baseado no seu momento de vida.
Qual a diferença entre renda fixa e renda variável?
A diferença fundamental está na previsibilidade do retorno:
Renda Fixa
Você sabe (ou pode calcular) quanto vai receber no vencimento.
- •Tesouro Direto
- •CDB, LCI, LCA
- •Debêntures, CRI, CRA
- •Fundos de renda fixa
Renda Variável
O retorno não é garantido. Pode ser maior ou menor (ou até negativo).
Comparação detalhada: renda fixa vs renda variável
| Característica | Renda Fixa | Renda Variável |
|---|---|---|
| Previsibilidade | Alta | Baixa |
| Potencial de retorno | Moderado | Alto |
| Risco de perda | Baixo (mantendo até o vencimento) | Moderado a alto |
| Volatilidade | Baixa a moderada | Alta |
| Liquidez | Variável (depende do título) | Alta (D+2 para ações e FIIs) |
| Proteção contra inflação | Títulos IPCA+ sim | No longo prazo, sim |
| Geração de renda passiva | Cupons semestrais (alguns títulos) | Dividendos mensais (FIIs) |
| Tributação | IR regressivo (15% a 22,5%) | 15% a 20% (ganho capital) | Dividendos isentos |
Qual rende mais: renda fixa ou renda variável?
No longo prazo, historicamente a renda variável tende a render mais. Mas há períodos em que a renda fixa ganha, especialmente quando os juros estão altos (como em 2025).
Retorno histórico médio (Brasil, últimos 20 anos)
Atenção: retornos passados não garantem retornos futuros. Em alguns anos, a renda fixa superou a variável.
E em 2025? Qual está melhor?
Com a Selic em 13,25% a.a. (novembro de 2025), a renda fixa está muito atrativa. Você consegue retornos de 10-12% ao ano líquidos com baixíssimo risco.
Isso não significa abandonar a renda variável. Quando os juros estão altos, muitas ações e FIIs ficam "baratos" e podem valorizar bastante quando os juros caírem. É uma oportunidade de comprar barato pensando no longo prazo.
Cenário atual: como interpretar
- •Renda fixa: Momento excelente. CDI alto, títulos IPCA+ pagando 6%+ de juros reais.
- •Ações: Bolsa "de lado" ou em queda = oportunidade para quem pensa no longo prazo.
- •FIIs: Muitos fundos negociando abaixo do valor patrimonial, com DY alto (~10-12%).
Por que ter as duas na carteira?
A diversificação é o único "almoço grátis" dos investimentos. Ao combinar renda fixa e variável, você:
- Reduz a volatilidade total: Quando ações caem, a renda fixa segura a carteira
- Aproveita diferentes cenários: Juros altos = renda fixa ganha; juros baixos = ações ganham
- Tem liquidez para oportunidades: Renda fixa com liquidez permite comprar ações baratas em quedas
- Equilibra risco e retorno: Potencial de ganho da renda variável + segurança da renda fixa
Como decidir quanto ter em cada uma?
A alocação ideal depende do seu perfil de investidor, objetivos e horizonte de tempo:
Perfil Conservador
Prioriza segurança e previsibilidade. Ideal para quem está próximo de usar o dinheiro (1-3 anos) ou tem baixa tolerância a perdas.
Perfil Moderado
Equilibra segurança e crescimento. Ideal para objetivos de médio prazo (5-10 anos) e quem aceita alguma volatilidade.
Perfil Arrojado
Prioriza crescimento de longo prazo. Ideal para quem tem horizonte de 10+ anos e tolerância a grandes oscilações.
Exemplo prático: carteira de R$ 100.000
Veja como ficaria uma carteira moderada (60/40) com R$ 100.000:
Carteira Moderada - R$ 100.000
Renda Fixa (60% = R$ 60.000)
R$ 20.000
Reserva de emergência
Tesouro Selic / CDB liquidez diária
R$ 20.000
Tesouro IPCA+ 2035
Proteção contra inflação
R$ 20.000
LCI/LCA 95% CDI
Médio prazo, isento de IR
Renda Variável (40% = R$ 40.000)
R$ 20.000
FIIs diversificados
Renda mensal, dividendos isentos
R$ 20.000
ETF de ações (BOVA11)
Diversificação automática
Rentabilidade esperada: ~10-12% a.a. (média ponderada, considerando cenário atual)
Volatilidade: Moderada (carteira pode oscilar 5-10% em meses ruins)
Erros comuns ao investir em renda fixa e variável
Evite esses erros
- 1.Colocar tudo em renda fixa "porque é seguro": Você perde poder de compra no longo prazo e oportunidades de crescimento.
- 2.Colocar tudo em ações "para ficar rico": Sem reserva de emergência, você vai vender na hora errada quando precisar do dinheiro.
- 3.Ignorar a psicologia: Se você não aguenta ver sua carteira cair 30%, não tenha 70% em renda variável.
- 4.Não fazer rebalanceamento: Com o tempo, as proporções mudam. Rebalancear mantém o risco controlado.
- 5.Tentar "acertar o timing": Migrar entre renda fixa e variável tentando prever o mercado raramente funciona.
Checklist: montando sua carteira equilibrada
- 1.Monte sua reserva de emergência primeiro: 3-6 meses de gastos em renda fixa com liquidez
- 2.Defina seu perfil: Considere idade, objetivos, prazo e tolerância a risco
- 3.Defina a alocação alvo: Conservador (80/20), Moderado (60/40) ou Arrojado (30/70)
- 4.Diversifique dentro de cada classe: Não coloque tudo em um único título ou ação
- 5.Invista regularmente: Aportes mensais diluem o risco de entrar no momento errado
- 6.Rebalanceie periodicamente: A cada 6-12 meses, volte às proporções originais
FAQ - Perguntas frequentes
Posso ter só renda fixa?
Pode, mas não é o ideal para a maioria das pessoas. No longo prazo, a renda variável tende a superar a renda fixa. Se você é muito conservador, tenha pelo menos 10-20% em FIIs ou ETFs para capturar parte do crescimento.
Posso ter só renda variável?
Não recomendo. Você precisa de reserva de emergência em renda fixa para não ser forçado a vender ações na baixa. Além disso, ter parte em renda fixa ajuda a aproveitar quedas para comprar mais ações.
FIIs são renda fixa ou variável?
FIIs são renda variável. Apesar de pagarem dividendos "fixos" todo mês, o preço das cotas oscila. Você pode ter prejuízo se vender em um momento ruim.
Conclusão
Não é renda fixa ou renda variável. É renda fixa e renda variável. A proporção ideal depende do seu perfil, mas a maioria das pessoas deveria ter as duas para equilibrar segurança e crescimento.
Em 2025, com juros altos, a renda fixa está muito atrativa. Mas não ignore a renda variável: ações e FIIs "baratos" hoje podem ser os grandes vencedores quando os juros caírem. O segredo é ter equilíbrio e disciplina para manter a estratégia no longo prazo.
Quer ajuda para montar sua carteira?
Me conta seu perfil, objetivos e quanto você tem para investir. Posso te ajudar a definir a alocação ideal entre renda fixa e variável para o seu momento.
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Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

