Alocação de ativos: como distribuir seu dinheiro entre investimentos
Você já conhece vários tipos de investimentos: Tesouro, CDB, ações, FIIs, ETFs. Mas agora vem a pergunta que todo mundo faz: quanto colocar em cada um? É aí que entra a alocação de ativos — e eu te garanto que entender isso vai mudar completamente a forma como você investe.
O que é alocação de ativos?
Alocação de ativos é simplesmente a forma como você distribui seu dinheiro entre diferentes tipos de investimentos. É como montar um prato: você não coloca só arroz, nem só feijão — você equilibra os ingredientes pra ter uma refeição completa.
Eu costumo dizer pros meus clientes: não existe carteira perfeita. O que existe é a carteira certa pro SEU momento de vida, pro SEU objetivo e pro SEU estômago pra aguentar oscilações. E é isso que vamos descobrir juntos neste texto.
Por que a alocação importa mais que escolher o "melhor" investimento
Muita gente perde tempo procurando o investimento perfeito — aquele que vai render mais que todos os outros. Mas a verdade é que a alocação (como você divide seu dinheiro) importa muito mais do que escolher um CDB específico ou uma ação específica.
Exemplo prático: imagine duas pessoas com R$ 100 mil investidos. A primeira coloca tudo em ações de uma única empresa. A segunda divide: 50% em renda fixa, 30% em ações diversificadas e 20% em FIIs. Se a empresa da primeira pessoa quebrar, ela perde tudo. A segunda, mesmo se uma parte der errado, ainda tem as outras pra segurar.
Os três perfis de risco (e como se encaixar em um)
Antes de montar sua carteira, você precisa entender seu perfil de risco. Eu divido em três:
1. Conservador
Você prioriza segurança acima de tudo. Não quer ver seu dinheiro oscilar e prefere dormir tranquilo, mesmo que isso signifique ganhar um pouco menos.
Exemplo de alocação conservadora:
- 70% em renda fixa pós-fixada (Tesouro Selic, CDB, LCI/LCA)
- 20% em renda fixa prefixada ou IPCA+
- 10% em renda variável (ações, FIIs, ETFs)
2. Moderado
Você aceita um pouco de oscilação em troca de rentabilidade maior. Quer equilibrar segurança e crescimento.
Exemplo de alocação moderada:
- 50% em renda fixa (Tesouro, CDB, LCI/LCA)
- 30% em ações e ETFs
- 20% em FIIs e outros ativos
3. Arrojado
Você tem estômago pra aguentar oscilações fortes e busca rentabilidade maior no longo prazo. Entende que pode perder no curto prazo pra ganhar mais no longo.
Exemplo de alocação arrojada:
- 30% em renda fixa (reserva de emergência e oportunidades)
- 50% em ações e ETFs
- 20% em FIIs, BDRs e outros ativos
Como descobrir seu perfil?
Faça essas perguntas pra você mesmo:
- • Se meu investimento cair 20% em um mês, eu vou conseguir dormir tranquilo?
- • Eu preciso desse dinheiro nos próximos 2 anos?
- • Eu entendo que renda variável oscila e estou disposto a esperar?
Se você respondeu "não" pra primeira pergunta, provavelmente é conservador. Se respondeu "sim" pras três, pode ser moderado ou arrojado.
Como a idade influencia sua alocação
Existe uma regra prática que eu gosto de usar: 100 menos sua idade = % em renda fixa.
Exemplos:
- Você tem 30 anos? 70% em renda fixa, 30% em renda variável
- Você tem 50 anos? 50% em renda fixa, 50% em renda variável
- Você tem 65 anos? 35% em renda fixa, 65% em renda variável (ou mais conservador ainda)
Mas atenção: isso é só um ponto de partida. Seu perfil, seus objetivos e seu momento de vida pesam muito mais que uma fórmula pronta.
Alocação estratégica vs alocação tática
Existem duas formas de pensar alocação:
Alocação estratégica (longo prazo)
É a sua "base". Você define uma distribuição e mantém ela ao longo dos anos, fazendo apenas rebalanceamentos periódicos.
Exemplo: você decide que sua carteira será 60% renda fixa e 40% renda variável. Todo ano você ajusta pra voltar a essa proporção.
Alocação tática (curto prazo)
São ajustes pontuais baseados em oportunidades. Por exemplo: a Selic subiu muito? Você aumenta um pouco a renda fixa. A bolsa caiu forte? Você aproveita pra comprar ações mais baratas.
Eu sempre recomendo: tenha uma estratégia de longo prazo e faça ajustes táticos só quando fizer muito sentido. Não fique mudando toda hora.
Exemplo prático: montando uma carteira do zero
Vamos supor que você tem R$ 50.000 pra investir, tem 35 anos, perfil moderado e quer começar do zero. Veja como eu montaria:
Carteira exemplo: R$ 50.000 (perfil moderado)
1. Reserva de emergência (20% = R$ 10.000)
- Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária
2. Renda fixa (30% = R$ 15.000)
- R$ 7.500 em CDB/LCI/LCA pós-fixados
- R$ 7.500 em Tesouro IPCA+ (longo prazo)
3. Ações e ETFs (30% = R$ 15.000)
- R$ 10.000 em ETFs de índice (BOVA11, IVVB11)
- R$ 5.000 em ações individuais (diversificadas)
4. Fundos imobiliários (20% = R$ 10.000)
- FIIs de tijolo e papel (diversificados)
Essa é só uma sugestão genérica. Na prática, eu ajustaria baseado no seu objetivo específico, prazo e tolerância a risco.
Erros comuns de alocação (e como evitar)
1. Colocar tudo em um único tipo de ativo
Seja só renda fixa, só ações ou só FIIs — concentração é risco. Diversifique sempre.
2. Copiar a carteira de outra pessoa
O que funciona pro seu amigo pode não funcionar pra você. Cada um tem objetivos, prazos e perfis diferentes.
3. Não ter reserva de emergência
Antes de pensar em alocação, garanta que você tem uma reserva de emergência sólida. Isso evita que você precise vender investimentos no pior momento.
4. Mudar a estratégia toda hora
Alocação é pra longo prazo. Não fique mudando toda semana porque viu uma notícia ou porque alguém te deu uma dica.
Checklist: como montar sua alocação
- ✓Defina seu perfil de risco (conservador, moderado ou arrojado)
- ✓Garanta que você tem reserva de emergência antes de investir em renda variável
- ✓Diversifique entre renda fixa e renda variável
- ✓Considere sua idade e prazo dos objetivos
- ✓Revise sua alocação pelo menos uma vez por ano
Perguntas frequentes
1. Preciso ter todos os tipos de investimento na carteira?
Não necessariamente. O importante é ter diversificação suficiente pro seu perfil. Um conservador pode ter só renda fixa e estar bem. Um moderado se beneficia de ter renda fixa + variável. Não existe regra fixa.
2. Com quanto dinheiro dá pra começar a diversificar?
Com R$ 1.000 você já consegue começar. Coloque R$ 500 no Tesouro Selic (reserva) e R$ 500 em um ETF de ações. Conforme você for aportando, vai diversificando mais.
3. Devo mudar minha alocação quando a bolsa cai?
Depende. Se você tem uma estratégia de longo prazo, quedas são oportunidades de comprar mais barato. Mas se você precisa do dinheiro em breve, pode fazer sentido reduzir a exposição. O importante é não tomar decisões emocionais.
Conclusão
Alocação de ativos não é sobre encontrar o investimento perfeito — é sobre montar uma carteira equilibrada que faça sentido pro SEU momento de vida. É sobre dormir tranquilo sabendo que seu dinheiro está bem distribuído.
Eu sempre digo: comece simples. Tenha sua reserva de emergência, diversifique entre renda fixa e variável, e vá ajustando conforme você aprende e seus objetivos mudam. Não precisa ser perfeito desde o começo.
Quer ajuda pra montar sua alocação ideal?
Me chama no WhatsApp. Vou te ajudar a entender qual distribuição faz mais sentido pro seu perfil e objetivos.
Falar com Adriano
Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

