Fundos Imobiliários (FIIs): tipos, rendimentos, tributação e riscos
Descubra como funcionam os fundos imobiliários, a diferença entre tijolo e papel, como receber renda mensal e os riscos que você precisa conhecer.
Fundos imobiliários (FIIs) são uma das formas mais populares de investir no mercado imobiliário sem precisar comprar um imóvel físico. Você compra cotas de um fundo que investe em imóveis ou títulos do setor, e recebe rendimentos mensais.
Eu gosto de FIIs para quem busca renda passiva e diversificação. Mas é importante entender que, diferente da renda fixa, FIIs são renda variável — o valor das cotas oscila e os rendimentos não são garantidos.
Neste post, vou te explicar como funcionam os fundos imobiliários, os principais tipos, como funciona a tributação e os riscos que você precisa conhecer antes de investir.
O que são fundos imobiliários?
Um fundo imobiliário é um fundo de investimento que reúne recursos de vários investidores para aplicar no mercado imobiliário. Você compra cotas do fundo na bolsa de valores (B3), e o gestor do fundo cuida dos investimentos.
Os FIIs são obrigados por lei a distribuir pelo menos 95% dos lucros aos cotistas a cada semestre. Na prática, a maioria distribui mensalmente, o que gera uma renda passiva recorrente.
Exemplo prático:
Você compra 100 cotas de um FII a R$ 100 cada (investimento de R$ 10.000). O fundo distribui R$ 0,80 por cota por mês. Você recebe R$ 80 mensais (R$ 960 por ano), o que representa um dividend yield de 9,6% ao ano sobre o valor investido.
Mas atenção: o valor das cotas pode subir ou cair. Se as cotas caírem para R$ 90, seu patrimônio vale R$ 9.000, mesmo que você continue recebendo os R$ 80 mensais.
Tipos de fundos imobiliários
1. FIIs de tijolo
Investem em imóveis físicos: shoppings, lajes corporativas, galpões logísticos, hospitais, hotéis. O fundo compra os imóveis e aluga para empresas. Os aluguéis são distribuídos aos cotistas.
Vantagens: renda mais previsível, contratos de longo prazo, proteção contra inflação (aluguéis corrigidos por índices).
Riscos: vacância (imóveis vazios), inadimplência de inquilinos, desvalorização dos imóveis.
2. FIIs de papel
Investem em títulos de renda fixa do setor imobiliário: CRI, LCI, debêntures de construtoras. Funcionam como um fundo de renda fixa especializado no setor imobiliário.
Vantagens: maior liquidez, menos exposição a vacância, diversificação em vários títulos.
Riscos: risco de crédito dos emissores, sensibilidade a juros, menor potencial de valorização.
3. FIIs de fundos (FOFs)
Investem em cotas de outros FIIs. É uma forma de diversificar em vários fundos com um único investimento.
Vantagens: diversificação automática, gestão profissional da carteira de FIIs.
Riscos: dupla taxa de administração (do FOF e dos FIIs investidos), menor controle sobre os ativos.
Tijolo vs Papel: qual escolher?
Não existe resposta única. FIIs de tijolo tendem a ter rendimentos mais estáveis e proteção contra inflação. FIIs de papel têm maior liquidez e menos risco operacional.
Eu costumo sugerir uma combinação dos dois para diversificar riscos e fontes de renda.
Como funcionam os rendimentos?
Os FIIs distribuem rendimentos mensais (ou bimestrais) diretamente na sua conta da corretora. Esses rendimentos vêm de:
- •Aluguéis: nos FIIs de tijolo
- •Juros de títulos: nos FIIs de papel
- •Venda de imóveis: ganho de capital quando o fundo vende um ativo
O valor dos rendimentos varia mês a mês. Não é como um CDB que paga sempre o mesmo percentual. Se um inquilino sair ou um título der calote, os rendimentos caem.
Indicadores importantes:
- •Dividend Yield (DY): rendimento anual dividido pelo preço da cota. Ex: R$ 12/ano de rendimento ÷ R$ 100 de cota = 12% de DY
- •P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial): compara o preço da cota com o valor dos ativos do fundo. P/VP abaixo de 1,0 pode indicar desconto
- •Vacância: percentual de imóveis vazios. Vacância alta = menos renda
Tributação de FIIs
A tributação de FIIs tem duas partes:
1. Rendimentos mensais (dividendos)
Isentos de imposto de renda para pessoa física, desde que:
- •O fundo tenha no mínimo 50 cotistas
- •Você possua menos de 10% das cotas do fundo
- •As cotas sejam negociadas na bolsa
Na prática, a maioria dos FIIs atende esses requisitos, então os rendimentos caem líquidos na sua conta.
2. Ganho de capital (venda de cotas)
Se você vender cotas com lucro, paga 20% de IR sobre o ganho. Você mesmo calcula e paga via DARF até o último dia útil do mês seguinte à venda.
Vendas até R$ 20.000 por mês são isentas de IR sobre ganho de capital.
Riscos de investir em FIIs
FIIs são renda variável
Diferente de CDB ou Tesouro Direto, FIIs não têm rentabilidade garantida. O valor das cotas oscila diariamente e os rendimentos podem variar ou até parar temporariamente.
1. Risco de mercado
O preço das cotas sobe e desce conforme oferta e demanda na bolsa. Em momentos de crise, as cotas podem cair 20%, 30% ou mais, mesmo que os imóveis continuem gerando renda.
2. Risco de vacância
Nos FIIs de tijolo, se inquilinos saírem e os imóveis ficarem vazios, os rendimentos caem. Shoppings e lajes corporativas são mais sensíveis a esse risco.
3. Risco de crédito
Nos FIIs de papel, se os emissores dos títulos (CRI, LCI, debêntures) não pagarem, o fundo pode ter perdas e reduzir os rendimentos.
4. Risco de gestão
A qualidade do gestor faz diferença. Um gestor ruim pode escolher imóveis inadequados, pagar caro demais ou fazer má gestão dos contratos.
5. Risco de liquidez
Alguns FIIs têm baixo volume de negociação. Se você precisar vender rápido, pode ter dificuldade ou precisar aceitar um preço menor.
Checklist: antes de investir em FIIs
- Você já tem reserva de emergência consolidada?
- Entende que o valor das cotas pode cair e você pode ter prejuízo?
- Pesquisou o histórico de rendimentos do fundo (últimos 12-24 meses)?
- Verificou a taxa de vacância (para FIIs de tijolo)?
- Analisou a qualidade dos ativos (imóveis ou títulos)?
- Conferiu a taxa de administração (prefira abaixo de 1% ao ano)?
- Vai diversificar em pelo menos 5-10 FIIs diferentes?
Quando FIIs fazem sentido?
Eu considero FIIs para clientes que:
- •Já têm reserva de emergência e base de renda fixa
- •Buscam renda passiva mensal para complementar salário ou aposentadoria
- •Têm perfil moderado a arrojado e aceitam volatilidade
- •Querem exposição ao mercado imobiliário sem comprar imóvel físico
- •Podem manter o investimento por pelo menos 3-5 anos
Para quem está começando, eu sugiro começar com uma pequena alocação (5-10% do patrimônio) e ir aprendendo aos poucos.
Perguntas frequentes
Quanto preciso para começar a investir em FIIs?
Você pode começar com o preço de uma cota, que varia de R$ 10 a R$ 200 na maioria dos fundos. Com R$ 1.000 já dá para comprar cotas de vários FIIs e começar a diversificar. O importante é não colocar todo o dinheiro em um único fundo.
FIIs são melhores que imóvel físico?
Depende do objetivo. FIIs têm vantagens: liquidez (vende em segundos), diversificação (vários imóveis), gestão profissional, sem dor de cabeça com inquilinos. Imóvel físico pode ter valorização maior no longo prazo e você tem controle total. Não é melhor ou pior, são estratégias diferentes.
Posso viver de renda com FIIs?
Sim, mas você precisa de um patrimônio considerável. Se você quer R$ 5.000/mês e os FIIs rendem em média 0,7% ao mês, você precisa de cerca de R$ 715.000 investidos. Além disso, os rendimentos oscilam, então é importante ter margem de segurança e diversificação.
Quer montar uma carteira de FIIs adequada ao seu perfil?
Fundos imobiliários podem gerar renda passiva mensal, mas é importante escolher os fundos certos. Se você quer entender quais FIIs fazem sentido para você e como diversificar corretamente, me chama no WhatsApp.

Adriano Freire
Financial Advisor
Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.
Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

